terça-feira, 27 de setembro de 2011

Leer

O sol queima a pele, mas não importa. Nada mais importa. O breve lapso de endorfinas acabou, e o dia em seus olhos é nublado. Talvez por isso goste dos dias pálidos, nebulosos, pois o mundo é obrigado a compartilhar da mesma melancolia. É um pouco do seu próprio “eu” que se liberta e domina o mundo à sua volta. Uma vingança a toda a alegria da qual recusam a incluí-lo.

Os olhos fundos, opacos e sem vida buscam qualquer coisa a se focar. Não encontram nada. O vazio toma conta de sua alma. Se pelo menos houvesse um motivo, uma razão... Não sabe o que procura, mas sabe que ainda não achou. Procurou na boemia, procurou nos grandes salões, procurou no retiro, mas tudo o que encontrou foi o nada, que cada vez mais corrói suas entranhas, que cada vez mais toma conta de seu pensamento.

Não é bem vindo. Não importa onde, mas não é bem vindo. É um intruso entre burgueses, um otário entre o meretrício. Não é mais que uma mobília rasgada em sua casa, afastado a um canto.

Procura. Talvez nunca vá achar. Talvez a cicuta lhe revele o caminho. Até lá, continua enfrentando as trevas, com um certo prazer mórbido.

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