sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mittelmäßigkeit

Há cerca de 7 dias me fizeram um comentário relativo à mesmice de meus atos. E esse comentário, feito em circunstância jocosa, sem aparentemente ter o dolo de me ofender, de fato ofendeu, e doeu fundo. E eu percebi que me doeu tanto justamente por também eu sentir esse tédio, por eu saber – mesmo que não admita – que sou uma pessoa deveras previsível e medíocre.

Cometo os mesmos erros todos os dias. Insisto nas mesmas soluções ineptas que me fizeram fracassar tantas vezes. Sigo todo dia o mesmo ritual de desilusão, mas quando alguém me taxa de ordinário, me sinto ofendido. Sei que a verdade não poderia ser diferente, mas ainda assim algum senso hipócrita enterrado fundo em minha mente – intangível – se faz latejar, e pede atenção.

Pois bem. Esse post nada mais é do que um desabafo. Mas o que são todos os posts aqui se não uma luta pessoal contra seus próprios demônios e moinhos de vento?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Diffido

É impressionante como a sociedade brasileira é falsa: Em um país cuja maior festa consiste em desfile de pessoas nuas, sexo fácil e uso de drogas (lícitas e ilícitas) há que se falar em “moral e bons costumes” quando se trata de assuntos como, por exemplo, matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. O que um casal gay tem que ofenda a moral ou a ética mais do que o próprio carnaval? Que “bons costumes” são esses, se não uma visão deturpada dos princípios cristãos construída na era feudal de nosso país?

O povo comete os sete pecados capitais diversas vezes por dia, mas se usa de ditames religiosos para coibir práticas como o aborto, a eutanásia e o suicídio assistido. Nada contra ser contra – inclusive eu sou, em alguns pontos. O que acho inadmissível é a disparidade entre utilizar um argumento em um momento e o contra-argumento em outro (duplipensar, para os orwellianos) – sem contar, é claro, o uso de raciocínios pautados na religião dentro de um Estado que deveria ser laico.

É impressionante como fazem gato, furam fila, surrupiam quando acreditam que não serão pegos e ficam indignados quando um político é flagrado sendo corrupto, ou seja, sendo brasileiro. Ora, o que é o “jeitinho brasileiro” se não uma modalidade socialmente aceita de corrupção?

É tudo baseado na conveniência: Se os convém agir segundo regras morais, religiosas ou éticas, assim agem. Mas quando flagram uma oportunidade de passar a perna, de conseguir uma vantagem sem sofrer as consequências, não pensam duas vezes. E ainda reclamam do Estado! Ora, como já dizia meu pai, todo povo tem o governo que merece. E é verdade, já que o governo é um espelho do povo. E, convenhamos, quer melhor retrato do povo brasileiro do que o Tiririca? Somos todos um bando de palhaços.

Como diz aquela velha piada, quando Deus criou o mundo, um anjo o perguntou por que em todo o planeta tem furacões, nevascas, terremotos e vulcões, e no Brasil não tem. Deus apenas sorriu e respondeu que aguardasse para ver o povo que lá ele colocaria.

Eu vi. E não me agradou nem um pouco.