terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Droog and your infinite sadness.

Olá a todos. Esse é o LMN, e estava com saudades dele. Dizem que nada é realmente importante quando se é jovem, mas esse blog tem um peso sentimental para mim grande o suficiente para me fazer jamais desistir dele. Apesar de tudo, de todos. De mim mesmo. Um dia desses parei para olhar o mar, sozinho, sentindo apenas o vento sobre mim. Fiquei pensando, porque ele está tão perto de mim, e todos estão tão longe? Nunca achei que diria que sentiria falta de amigos, de colegas, de amores e de inimigos, mas sinto falta.

O mundo está estranho demais, é tudo tão diferente. As pessoas, mesmo belas, não tem nada no rosto. Parecem sombras. Mesmo quando sou tocado pareço distante. Diziam que a solidão até que me fazia bem, mas discordo, não faz bem, a solidão de verdade ainda não começou, era drama adolescente demais. E infelizmente estou crescendo, aos poucos, por bem ou por mal. E nunca queria crescer.

Queria viver meu conto de fadas, deitar na neve, acreditar que tudo é perfeito, que os sentimentos e as amizades são perfeitas, mas não acredito em mais nada. É apenas um mundo, ordinário, feio, e cruel. Um mundo que Não foi feito para mim, e muito menos para quem eu queria ser. É um mundo real, e tenho apenas palavras, e palavras são ventos. Ventos que nunca trarão reais mudanças.


LMN, Droog's Sentence:"Don't believe in the first truth I Said."

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vagante

Passa para terceira. A rua está vazia, nenhuma viv’alma, exceto talvez por algum ébrio esquecido na sarjeta de um boteco mal-iluminado, desses que brotam nas esquinas. Para no cruzamento, mas nem precisava. Não vem ninguém. Nem de dia.

A noite, apesar de quente, ocasionalmente lança um vento úmido, forte, quase agressivo, que chega sem aviso e some sem despedida. Em poucas palavras, um vento deveras mal criado. Mas é apenas o batedor da chuva que invém. Chuva, esta, também muito mal criada. Parece que os céus vão despencar sobre nossas cabeças, mas se vai sem cerimônia, deixando pra trás somente a umidade, que logo se transforma em calor.

Outro cruzamento. Desta vez, um motorista – provavelmente embriagado – atravessa em alta velocidade, roubando a preferência de qualquer um que queira preservar a própria vida. Coloca primeira e arranca o carro devagar. Não tem pressa. Pelo contrário, é provável que na próxima rotatória retorne pelo mesmo caminho que veio, dê mais uma volta pelo pequeno centro da pequena cidade provinciana.

Nós vamos rodar/ Seremos passageiros da noite/ E veremos a cidade em trapos” sussurra o rádio. Ele faz isso de vez em quando, dirigir a esmo à noite, quando não há ninguém que valha a pena acordado. Sem saber o porquê, vaguear por entre a cidade adormecida sempre o faz organizar a mente. É como se conseguisse esquivar de suas aflições, como se por alguns instantes pudesse verdadeiramente ser ele mesmo. Não uma máscara social, não um modelo de bom moço, mas sim um homem, que por vezes sem conta tem mais defeitos que qualidades.

Sempre em frente. Não temos tempo a perder”, o rádio canta. Coloca terceira e acelera. A terceira marcha é de fato a melhor: Pode-se quase parar ou ultrapassar na rodovia. De dez a oitenta, mais ou menos, de forma que, exceto pelos breves momentos de arranque, ele dirige o tempo todo de terceira dentro da cidade. Em grande parte do tempo, se identifica com a terceira.

Uma gota fugidia teima em escorrer pela maçã do rosto, no que é ceifada sem dó antes que qualquer um a pudesse ver. E isso é um resumo de toda a sua vida. Encobre qualquer manifestação que não seja de boba alegria para não demonstrar qualquer fragilidade. Assim foi criado, e assim age, como se o próprio fato de ser humano fosse uma demonstração de fraqueza.

Nothing really matters/ Anyone can see/ Nothing really matters.../ Nothing really matters to me...” canta o rádio.

É verdade.