quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Por dentro dos Personagens: Wolf

Olá a todos. Então, recebi muitos elogios (e uma crítica terrível, mas não vem ao caso), e fiquei até contente. Claro, ainda tenho que melhorar muitos detalhes, mas é apenas uma introdução, e muito vem com o livro. Não quero passar spoilers, mas como disse, prometi bônus, extras, coisas para deixar mais a fundo com o universo. E esse será o primeiro bônus. Uma ficha de personagem. Não é Spoiler quando apenas é descrição, etc. Acho legal a interação autor/leitor, e como vocês são meus leitores, merecem apenas um pouco do melhor, e da minha dedicação. Não escrevo para mim, escrevo para outros, o prazer dos outros é minha função social. Pode haver menções a personagens não apresentados, mas relaxem, nada que vá atrapalhar vocês.

Nome completo: Leonardo Sousa Perrioti
Idade: 18 anos
Aniversário: 17 de Julho.
Local de Nascimento: Belo Horizonte
Poderes: Super Força, Alto coeficiente de Regeneração, Velocidade, e Inteligência.
Codinome: Wolf
Ingresso na Ordem: 12 anos
Posição Atual: Recrutado de primeiro nível - forte candidato a ser encaminhado ao estado-Maior.
Gosto Musical: Rock, Música Clássica, Jazz.
Livro favorito: O Apanhador no Campo de Centeio - J.D Sallinger
Esporte Favorito: Futebol
Filme Favorito: The Sound of Music.
Hobbys: Sangue, sair com a namorada, cuidar da irmã, e perder apostas com o Carlos/Logos.

Comentário do Autor a respeito.:"Léo, . Não diria que foi meu primeiro personagem, mas eu o amo. Sua inspiração é simples: Henrique Cordeiro Cruz. Para quem não sabe quem é, é um pseudônimo meu de outras coisas que escrevo (e pretendo publicar também.) Nos primeiros textos, ele era tão frio quanto, mas coloquei uma pessoa passional, sangue quente, para balancear com a Valkyrie.

A princípio ele seria o único PoV dos livros, mas nos Atos 2 e 3 (que seriam as continuações, eu lançarei apenas o ato 1) começo a usar outros personagens. Qualquer semelhança comigo não é coincidência. Não consegui afastá-lo tanto de mim como fiz com os outros, e talvez seja até em alguns casos eu falando ali. Algumas manias são eu ai. Seu temperamento explosivo sou eu. Seu gosto musical sou eu. E o seu gosto por sangue é apenas uma pequena ironia comigo também. Não me orgulho de fazer algo tão perto de mim, mas talvez um protagonista como ele me permite depois desenvolver (e acho que o conseguir fazer) outros personagens, sem nenhum resquício disso.

Por que Wolf? Eu amo lobos, estranhamente. E seu estilo de luta se assemelha a algo bruto, com mordidas e golpes físicos. Uma imagem que sempre me fascinou é a de um lobo solitário uivando para a lua, e uma "fotografia" do livro é o próprio Wolf encarando a Lua pensando."

E assim fico com uma ficha de personagem. E recomendo que mandem perguntas, etc. Nada incentiva mais que o gosto de vocês por algo que escrevo, obrigado.

LMN, Droog's Sentence:"I just love you, bitch"

domingo, 21 de outubro de 2012

A introdução do ano

Olá a todos. Esse texto é bem simples. Uma introdução ao que vem a ser um livro meu. Não será volume único vecks, mas ao menos é um bom começo. Se alguns demoram anos a lançar um livro, por que eu não posso fazer o mesmo?


"A janela entreaberta me permite apenas que eu apoie nela para entrar. Observo os lados e vejo apenas se algum vizinho observava. Era por isto que não gostava de morar em apartamentos, por mais que tenha vivido nela toda minha vida. Nesse mesmo apartamento. E observo atentamente o pôster do I Want You e do Tio Sam em frente a janela. Meu tio tinha me dado durante um desses natais passados, mais especificamente o de 6 anos atrás. Era uma boa companhia, meu Tio Ricardo tinha ido aos EUA e trazido para mim apenas de brincadeira, e essa brincadeira foi levada a sério. Era mais ou menos isso o que eu imaginava. Mas nem ligo, eu gostava daquilo. Ali eu tinha a privacidade e o álibi necessário para sobreviver. Ao terminar de abrir a janela entro no meu quarto, exausto, recebido por um chamado, divino talvez.
Meu ateísmo não permitia que eu pensasse nisso, ao contrário da Letícia, mas ainda assim poderia pensar que era apenas uma sorte, o acaso. Confiro a fechadura, e vejo ainda trancada, junto a um pequeno alarme que improvisei. Não era preciso ser um gênio para projetar aquilo, fora que meus pais confiavam em mim. Meio infantil deles conferir após 11 horas se o filho estudioso estava realmente dormindo. Caso tentassem abrir a porta ou me acordar, o alarme soava em meu relógio, e rapidamente estaria em casa. Nesse tempo, alguns travesseiros e um aparelho que fingia um leve ronco. Ah, como era bom a teoria do Ferris Bueller não aplicada a vida real..
Retiro meu sobretudo e vejo apenas que tinha mais um rasgado nele. Eram tantos que já até perdi a conta, mas ainda assim era legal usá-lo. Tinha sido um presente da Letícia quando fomos a Argentina, não conseguiria abrir mão dele. Ao tirar esse sobretudo, e minha camisa abaixo dele, finalmente percebo como a marca de corte que ele carrega condizia com o corte no meu braço. Mas nem doía tanto, a dor já era algo condizente com minha vida. Além do mais, era um corte superficial, o qual apenas alguns pontos, feitos no canto do quarto, sem nenhum tipo e assistência, eram feitos. Qualquer um com seis meses de treinamento já conseguiria fazer tal medida.
Dor? O que era dor perto de tudo que já senti? Nada mais do que cócegas, e assim eu deveria rir quando tenho dor, pois fui capaz de ser atingido, algo que normalmente não acontece. Era força bruta, era a marreta de todos, a bucha de canhão que apanhava na frente para todos ficarem ilesos.
Fechado o ferimento pego meu punhal, o que seria o troféu da minha primeira grande luta, e percebo o sangue secando. Com minha língua lambo o sangue que ainda restava, como aquilo era bom. Descia suave pela garganta, e eu sei que era meio estranho, mas como era bom aquilo. Sexo, álcool e sangue, eram meus grandes prazeres do dia a dia. Só quem luta, e sente a adrenalina de um combate corpo a corpo para saber o quão delicioso é aquilo. Logo depois bem lentamente levo meu punhal para o banheiro, e com cuidado de não acordar ninguém, limpo o sangue que resta em meu punhal. Aquele líquido vermelho que caí pelo ralo, e machucava ver tamanho desperdício. Acho que sou um pouco viciado em sangue, mas nem vem ao caso nesse dia, claro.
A sorte de morar numa casa grande, e saber a rotina dos meus pais e irmã é que eles nunca perceberiam minha rotina. Afinal, eu até conseguiria prever algum movimento deles antes de me pegarem no flagra. Outro detalhe é que meu quarto é no outro anexo da casa, podendo deixar que eu saia do meu quarto sem as pessoas perceberem. Como as patrulhas vão de 23h as 5h, dificilmente alguém ficaria acordado em casa. Caminho rumo a minha cama, e fico sentado no chão, olhando o relógio de bolso, que ainda marcava de madrugada, mas o sol não demoraria a raiar. Nem sei se conseguiria dormir, afinal, em menos de uma hora teria aula, e essa minha outra vida teria de ser mantida, mesmo que por apenas um pequeno tempo.
Deito, e finalmente aproximo do sono. Eram cinco horas da manhã, e provavelmente a Meister teria chegado à base e assumido o posto dela até a noite, logo fico calmo, pois a minha parte eu tinha feito. Apenas olho meu relógio, e ao ver que não havia perigo apago. Não tinha com o que me preocupar, estava relativamente seguro agora. E a calma que esta sensação trazia consigo o sono, que infelizmente não duraria muito. Amanhã sempre será um novo dia"


Espero que gostem, ou não gostem, enfim. Isso é só uma introdução ao que ainda pode vir. Espero apenas ter agradado vocês, e com o tempo terminar o resto, e poder finalmente falar que fiz e escrevi um livro.



LMN, Droog's Sentence:"A morte é a melhor risada que poderíamos ter"

sábado, 6 de outubro de 2012

Objection, my dear prudence

Olá a todos. Tempos negros são esses que não escrevemos, ou escrevemos apenas para nós. Ou voltamos apenas para nós. Não sabemos o certo o final, mas sabemos que nossas escolhas são erradas. Eu tive uma chance de mudar tudo. Apenas uma chance. E o toque dela em meu corpo foi tão suave, como sempre. E eu disse não. Fui pelo desconhecido, e o desconhecido chegou ao fim. E nem posso reclamar. Eu não tenho coração mesmo.

Vocês ficam com suas morais, seus costumes, seus conceitos de A+B que sempre será C. Eu não ligo, vocês tem direitos. Vocês podem amar, podem desejar serem felizes, e eu. Eu só ficarei no meu canto, como um advogado do diabo fumando antes do seu último caso, antes de encarar o procurador divino. E encarar e falar a voz dos Deuses, seus juízes superiores, e ser acusado de não ter sentimentos. E conseguir se inocentar, pois até parece que você é um deles.

Ser julgado por não ter sentimentos, o oposto do filme que tanto marcou minha vida. Advogo em torno de mim mesmo, e tento me proteger. Ainda posso ser feliz com essas coisas humanas. Ou fingir um sorriso e fingir estar tudo bem. Está tudo bem mesmo, querida?

Tenho medo de pensar que tudo o que sinto ou já senti só passe de uma criação minha para realmente esconder o que sou; Quero acreditar que amo meus amigos, que amo minha família, que amo o Noel Gallagher, que amo aqueles olhos verdes, que eu posso ser uma boa pessoa. E não quero ser a pessoa que usa os outros, que trate um ser humano apenas como um objeto. Não quero. O Droog nunca foi isso. Nunca quero ser. Ou então apenas precisarei ser uma nova pessoa.



LMN, Droog's Sentence:"Our last kiss taste like hope, my sweet murder"

sábado, 1 de setembro de 2012

Esperar não é saber


Passamos a vida toda esperando. Esperamos o ônibus, esperamos na fila do banco, esperamos na porta da boate. Esperamos o colega que sai atrasado, esperamos o lançamento daquele filme, esperamos o dia da entrevista.

Esperamos tudo: o dia do pagamento, o melhor dia para contar aos pais... Esperamos aquele aumento, esperamos o nascimento do garotão, esperamos na recepção do hospital, roendo as unhas de aflição. Esperamos o apito do árbitro, com alegria ou decepção. Esperamos sermos felizes, enquanto a vida escorre por entre nossos dedos, enquanto nos desculpamos dizendo que não temos tempo, não temos dinheiro, precisamos antes resolver aquele problema...

Vivamos o agora, pois o passado e o futuro são ficções. Não nos prendamos às opiniões alheias, nem às represálias dos casmurros: eles se fecham de inveja, pois não conseguiram, eles mesmos, se libertarem da máscara social, essa peça de chumbo revestida de porcelana. Sejamos felizes enquanto é tempo, e não deixemos essa felicidade para depois. Afinal, a nossa hora é agora!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Glória em sua nostalgia, veck?

Olá a todos. Vamos direto ao ponto. Saudosismo. Sim, sou um grande crítico a isso. Já começaram o mimimi, que gosto de bandas e hábitos antigos, que tenho relógio de bolso, mas nem ligarei. Sabe, eu gosto do século XXI. Internet rápida, chance de conhecer amigos pelo Brasil inteiro, bandas desconhecidas do mundo inteiro, remédios, e a chance de poder fingir gostar do passado. Poder ter um blog, sem gastar um centavo a isso. Expor minhas idéias sem medo, e fingir respeitar idéias contrárias (alô pró-cotista, é para vocês [/brinks]) e assim fingir ser feliz com o que vivo, ou finjo viver. A maravilha da tecnologia, aproximando pessoas e as afastando, permitindo que a pessoa faça sexo sem medo de sífilis, e ter uma tuberculose e poder me tratar.

Como diria um grande amigo, eu não gostaria de ser jovem na Inglaterra nos anos 60, pois sei que seria traumatizado por uma guerra, ou por uma perspectiva de não ter futuro. Ou viver nos anos 70 e 80, com o mundo inteiro em depressão, e vendo todas as bases de décadas caindo. Alguém acha que eu teria minha liberdade e pensaria assim na década de 60? Provavelmente eu seria um racista retrógrado sem dinheiro, que apoia a Ditadura, e sendo contra o Divórcio, apoiando a devastação da Amazônia pelo progresso, e casasse cedo e reprimisse todos meus possíveis sonhos, nada muito diferente da realidade.

Não existe a beleza que imaginamos no passado. Existe racismo, guerras, sociedade atrasada. O que vemos são filmes e livros água com açúcar que fingem que mulheres fumando na beira de um café em Paris são sexy. E são, mas é década de 20, só em livros você vai levá-la para a cama antes do casamento. Até concordo que ironicamente acho mulheres fumando com um charme especial, mas só. Esses cafés eram para poucos, enquanto isso a população morria de fome e trabalhava 12 horas por dia.

Tentarei resumir nisso, em falar que apenas o século XXI permite que a pessoa ame o passado, pois a facilidade de achar as perfeições do passado é muito fácil com a Internet. Ah, os anos 60, os doces anos 20, o século XIX e La Belle Époque, e tudo o que perdemos por sermos jovem demais. Perdemos mesmo? Ou estamos apenas tentando esconder nossos fracassos e nossa falta de bom senso em figuras passadas? Ou temos mesmo de fazer a nossa parte? Isso é conosco, e a vida continua.



LMN, Droog's Sentence:"Não podemos perder o que ainda não ganhamos"

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Homo lassus lassus


Há meses não publico aqui no blog. Não publico pois há meses não consigo escrever nada superior a algumas linhas desconexas: pensamentos filosóficos e desesperadores que ferroam minha mente. Qualquer coisa superior a a um parágrafo é sistematicamente tolhida de meus pensamentos... Portanto aqui farei um esforço hercúleo para conseguir - pelo menos - relatar os fatos.

Acontece que o tédio me dominou. Tudo o que escrevo me parece requentado, mastigado e cuspido, completamente clichê e monótono. Acredito – ou melhor, quero acreditar – que estou apenas sofrendo do mal da águia velha: aquela que, para que continue a viver, deve se retirar a um canto reservado e passar pelo doloroso processo de renovação das penas e bico... Pois é. Como disse, prefiro acreditar nisso do que admitir que o pouco dom que me restava me abandonou de vez.

A verdade é essa: Não consigo escrever. Já tentei me inspirar, já tentei me obrigar, mas nada reluz diante dos meus olhos: Tudo se assemelha a algo que já escrevi ou li. Tudo é enfadonhamente previsível.

Já me exauri. Já falei tudo de mim, mas mesmo assim não sei quem eu sou. Não sei nada, e não sei se quero um dia descobrir...

terça-feira, 31 de julho de 2012

C'est la vie

Olá a todos. Faz tempo que não escrevo aqui. Não tenho o que escrever, a sempre desordeira vida comigo me deu uma trégua de maneira permanente. Mas infelizmente, apenas infelizmente, aconteceu algo comigo hoje. Não direi mentiras, não era a pessoa mais próxima de mim, não falava muito com ela, apesar de lembrar particularmente de algumas conversas específicas sobre a tristeza do mundo e de como a vida não é legal como desejávamos que fosse. 


Não tenho muitas palavras ao que falar. Não deveria, afinal, não é algo que se fale. Não é fácil aceitar a verdade, mesmo que tenha sido a apenas pouco tempo que soube. Nunca é fácil. A morte talvez por ser a única coisa certa que temos é a coisa mais difícil de aceitar. E parece doer mais dessa vez. Não porque sou tão próximo da pessoa, por ficar a sensação agora que pouco pude fazer, e que não pude tentar ajudar. Apenas por não saber o que se passava com a pessoa.


Terminarei esse texto com palavras dela, e mais uma vez percebendo a angústia que sempre é a minha escolha, de saber que não existe um lugar melhor. Não existe a luz ao fim do túnel. Mas na esperança que essa tenha sido a decisão certa para ela, e que isso pode a fazer um pouco mais tranquila das coisas desse nosso mundo. Como um DFETA, o mínimo que posso fazer a você agora Nath é esse pequeno texto, e desejar que isso tenha sido a sua melhor escolha, mesmo que parece a pior para nós, que ainda seguimos nesse mundo, lembrando e sofrendo.


"Eu queria poder ter consertado todos os corações partidos do mundo, ter visto todas as dores evaporarem, ter curado os males da humanidade. mas isso não me era possível devido a uma anormal fragilidade que me desfragmentava por dentro e fazia eu me afastar." 




LMN, Droog's Sentence: "Você só percebe a importância de algo após perder algo"

sábado, 23 de junho de 2012

Relatos casuais de um estudante de Direito Ato IV

Olá a todos. Tenho que assumir, estou mesmo um pouco isolado daqui. Não que eu esqueça desse blog, pelo contrário. Como já disse anteriormente, não gosto de escrever coisa meia boca, e se hoje for meia boca, garanto que não será por culpa minha. Sabe, o maior problema de escrever para outras pessoas é que no momento que você libera o assunto, ele já não é mais seu, a interpretação é livre.

Um exemplo claro disso? Vamos supor que eu escreve: "Então os porcos caminharam sobre a Terra, e o meu passado se revelou mais sombrio do que realmente parecia". Claro, pode ter milhões de significados para quem lê, e para mim é apenas uma frase solta que escrevi querendo demonstrar isso. Duvido muito que dois leitores (se é que este blog tenha dois leitores) interpretem da mesma maneira, mas enfim, o que é dado ao público não é mais de posse do autor. Se alguém interpretar de maneira melhor que a minha o meu texto, quem sou eu para afirmar a verdade?

Dê ao povo o que é do povo, e a César o que é de César; Não que eu seja César, muito pelo contrário, quem me dera ter metade do poder e da influência que o César teve. Mas enfim, seria assim a minha vida, ou seria diferente? Só um pequeno devaneio solto. Acho que deveria pensar assim, como seria se eu fosse o maior? E a única coisa que penso: Seria um tédio. Eu não escreveria coisas para pensar nesse blog.




LMN, Droog's Sentence:"It's just pepper in your eyes, veck."

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Im Westen nichts Neues

Olá a todos. Muitos devem estar esperando a segunda parte da viagem a SP. Não postarei. Censurei tanto que não fará sentido. Coisas que não devem sair, por respeito a várias pessoas. Mas talvez futuramente, eu conte, como um caso engraçado, com outros nomes, enfim. Ando escrevendo menos aqui, isso é verdade. Nada de novo no Front. O nome original do livro é Im Westen nichts Neues, que traduzido ao pé da letra significa Nada de Novo a Oeste, onde era o front, enfim.

Foi um dos livros que mais me traz lembranças. Pequenas lembranças. Faz muito tempo que o li, mas lembro de algumas descrições de frentes de guerra. Devia ter uns 16 anos, e era fissurado em Guerra, e talvez foi o livro que me provou que Guerra não era algo legal. Sangue, mortos, um falso patriotismo, e vidas sendo desperdiçadas para algumas seres humanos tenham ou mais dinheiro ou mais território que outros mesmo seres humanos.

Fiquei humanizado com os anos. Sou contra violência, contra a morte, e acho que todos temos direitos. Isso é uma ironia. Tendo em vista fortes convicções que tenho. Quem é o homem para decidir sobre a vida de outro homem? Ninguém, somos apenas seres que seguem o destino, poeiras espaciais, que pensamos ser algo. E nada demais aconteceu no meu front novamente.



LMN, Droog's Sentence:"In Osten nichts Neues"

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Windmills


Cai a chuva. Agora uma chuva leve, quase garoa. As pequenas gotas tocam o rosto, e escorrem pela pele. Ao redor das luzes dos postes, um halo avermelhado que se reproduz nas poças no chão. Luzes estas, que de tão sutis, desaparecem ao menor obstáculo. O barulho dos passos no asfalto molhado – com um sapato mais molhado ainda - ecoa pela rua vazia. O barulho longínquo de trânsito pode ser ouvido, mais nada.

E ele aprecia a chuva. Sente a cada gota o toque macio e gélido da donzela pluvial, e deseja com todas as suas forças que as gotas que escorrem levem todo o seu sentimento. Com as roupas encharcadas e o corpo doendo, de nada servia a sensação de abandono que – ironicamente – não o deixava nunca.

Em seus pensamentos vagantes e sombrios, cisma sobre seus amigos, ou pelo menos aqueles que assim ele se referia. Não consegue evitar em cogitar que nunca tivera amigos de fato, apenas pessoas que o aturaram durante certo intervalo de tempo. Acontece que, para alguns, esse tempo se esgotou, restando apenas uma lembrança vaga e insípida do que havia.

Basta. Nem mais um pensamento nesse sentido. Passou a mão pelo rosto, expulsando as gotas – salgadas ou não – que persistiam em rolar livremente pela face. A chuva aumentara. Mas quando se é Paladino, a noite nunca é escura demais. Então que a espada não enferruje na bainha, mas que não seja guardada sem ter agido. E que venham os gigantes!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

High Flying Bird Act I

Olá a todos. Claro, posso muito bem colocar o texto direto, mas resolvi colocar uma resenha em três parte sobre minha viagem para São Paulo. Espero que vocês se divirtam, não quis fazer apenas um querido diário, e sim algo um pouco mais humorado em algumas partes. Tudo o que aconteceu é verídico, inclusive o Anão de cartola, mas algumas partes foram dramatizadas mesmo. Alguns detalhes ficaram para a versão estendida e deluxe, que será enviada em PDF a alguns felizardos (bah, até parece)


"Tudo começou num domingo. Final de noite, malas sendo arrumadas. Mochila, na verdade. E tudo já estava combinado. Quem diria que o dia chegou? Ainda estava difícil de acreditar, afinal, era a viagem para a mesma cidade que uns meses antes me propiciou momentos mágicos, e dessa vez para ver um dos meus ídolos de perto.
Na verdade a viagem foi tranquila, e por que não seria? Especial Noel Gallagher na TAM, um lanchinho gostoso. Digo, a pior parte foi me achar em Congonhas, Aeroporto que por sinal, mesmo com anos e anos de experiências, nunca tinha pousado nele, mas ao achar a Laselva, e os telefones públicos, foi menos mal. Encontrar o Eric-Kun, e depois de um tempo o JP, e a viagem de táxi até o hostel, onde nos instalamos.
Claro, no primeiro dia a principio foi um dia tranquilo. Uma volta na cidade, cada um por si, eu e Eric por nós, e JP e suas amigas na deles. Queria ter passado mais tempo com o JP, mas enfim, não sou dono de ninguém. Nada como ficar conversando no frio com o Eric, a espera de uma amiga nossa, no vão do MASP. Infelizmente, nesse dia, a Bueno desmarcou, mas encontramos com a Pam, e fizemos algo simples mesmo. Beber a noite inteira (com a adesão do JP no futuro) e praticamente virar a noite. Assuntos? Oasis (cujas brigas se tornaram focos da noite), política, sexo, amor, cotidiano, piadas ruins (contadas por mim) e tantas coisas que é difícil citar sem entendiar leitores. Tal dia culminou comigo e com o Eric indo a Estação das Clínicas levá-la pela manhã, e tomando um café da manhã no caminho na volta. E no dia seguinte?
Começou a saga de verdade. Primeiro, eu e o JP acordamos cedo (se é que dormimos direito) para tietar o Noel no hotel. Claro, nada pode ser fácil, pois ambos de vermelho (Liverpool, sempre) resolvemos passar em frente ao MASP. Como todo Primeiro de Maio, o PSTU faz um daqueles protestos que só servem para eles fingirem existir, e nisso todos de vermelho, e a polícia observando. Eu, um pouco medroso, JP um pouco mais, passamos rápido, afinal, quem quer tomar soco de policial antes de tietar seu ídolo favorito?
E na frente do Hotel, milhares de seguranças, incluindo um anão de cartola, para conter os fãs. Dois fãs. E demorou horas até o primeiro sinal de vida de algo. Jeremy Stacey, baterista do Noel Gallagher's High Flying Birds, sai do hotel caminhando para comer algo, e claro, eu e meu amigo tiramos uma foto, o melhor baterista do mundo, só de tocar ao lado de Deus. E falando em Deus, Noel chega em seu carro. Eu ainda dou um grito, e imagino ele parando e acenando. Claro, ele não chegou a fazer isso, mas vê-lo de costas talvez seja suficiente para um fã como eu.
E depois, almoçar com Eric e Carol, e depois encontrar a Juh. E foi uma tarde agradável, e depois de tanta coisas, fomos para o The Pub. E a segunda parte da saga fica para depois, onde realmente São Paulo começa."


LMN, Droog's Sentence:"Cold and frosty morning...."

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Stop the Clocks

Olá a todos. A caneta desliza sempre pela mão, e as vezes demora anos para tocar o chão. Girando no ar, ao som de varias músicas. E você não aguenta, e lágrimas descem do seu rosto. Quem é você? Não é mais o garoto inocente, mas queria ser. Não é o garoto que tinha desapego no mundo, mas queria ser. Você se sente traído pelo mundo, o mundo que você resolveu confiar. E o mundo te dá as costas. As pessoas, os amores, a família, os amigos, a juventude, e quem sabe os acordes da canção?

O mesmo acorde da canção, a agulha pulando deixando tudo instável. Você queria realmente que o relógio pare, e a caneta não giraria em direção ao chão. Permaneceria no ar, e você observaria e derramaria lágrimas apenas. E a lágrima se trava nos olhos, e não desliza. Os relógios não param. O mundo não para. Você é obrigado a seguir. E quer manter o passado. Mesmo que a noite caia. Vou seguir, sorrindo, mesmo que o sorriso seja falso. Como o mundo.

Nunca dê a mão ao mundo. Nunca dê a mão a ninguém. Nunca. Você confia. E o mundo te trai. E você segue caminhando. Não quero mais saber da morte, afinal, talvez eu já esteja morto. Como saberia? Nunca se sabe, as vezes sou apenas um cadáver seguindo rindo e dizendo o significado da palavra gay pelo mundo.

Eu queria ser feliz, mas como?


LMN, Droog's Sentence:"After three years, why?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Jaded

Me sinto cansado. Não tanto fisicamente, nem tanto psicologicamente... Só cansado. Talvez um pouco desiludido da vida. Cansado talvez de sonhar, e ver meus sonhos fugirem por entre seus dedos... Ou talvez nem isso, porque nunca os tive assim tão próximos, a ponto de estarem em meus dedos. Cansado de insistir as mesmas coisas com as mesmas pessoas. Cansado talvez de fingir ser alguém completamente díspar do meu eu verdadeiro. Ora, apenas em raras ocasiões consigo me desvencilhar da máscara social, que pesa tanto em meu rosto... E me dói a colocar uma vez mais, sorrir de soslaio - um sorriso amarelo e sem ânimo, de quem não aguenta mais fingir...

Sou o Pierrot das noites de lua. Mas as noites já não tem mais luar. E o céu é escuro e pesado, e as estrelas se escondem.

Sou o Paladino das noites escuras. Mas a espada pesa quando empunhada. É mais confortável na bainha, ou até mesmo fora da cinta. Sempre me consideirei o protetor dos fracos e oprimidos, mas cada vez mais tenho visto que não faço a mais insignificante diferença: o esforço que demanda tentar proteger os outros não vale a pena. Tudo continua exatamente igual, como se nada houvesse sido feito, apenas eu que me encontro um pouco mais decepcionado com o mundo.

Nada flui, Heráclito. Tudo continua a exata mesmice, independente do que se faça. Sábio era Álvaro de Campos, que dizia que a única conclusão é morrer.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Morpheus

Ele arruma as malas. Está partindo. Na verdade não sabe se sua casa é a partida ou a chegada. Talvez nenhuma das duas.

O ato de empacotar as coisas parece, aos seus olhos, com a limpeza que se faz no quarto de quem já morreu: Muito se vai, pouco se fica, e só resta a poeira. Mas até a poeira parece carregar um acento de nostalgia.

Isso fica, isso vai, e pronto. Nenhum ruído se ouve, a não ser o arrastar da mala pela casa. Todos dormem, todos já se despediram. A bagagem é posta próxima à porta.

Ele olha as estrelas. Há muitas delas. Um exagero, já que nunca conseguimos ver todas. Mas parece que nesta noite elas brilham mais, como de despedissem. Mas é bobagem ,afinal, estrelas não se despedem.

Tudo pronto, os últimos detalhes resolvidos, ele resolve se deitar. Ajeita a cama e deita. Fecha os olhos, mas não adianta. Com muito custo, pega no sono.

Agora sim está em casa.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Knotty mind, twisted words...

Mais uma vez sinto que se afastam de mim. Mas não, não quero o vácuo de novo: O vazio tenebroso que fica entre o nada e o alguma coisa...

Dou passos incertos dentro do meu quarto. Impaciente, coloco uma música. Nada. Coloco um filme chocante. Nada. A muralha se ergue novamente. E é feita da pedra negra, numenoriana, indestrutível... Da última vez, pensei que conseguira derrubá-la, porém os alicerces ficaram, e como o feito por Annatar, se reconstruíram e se tornaram mais fortes e duradouras.

Mas o que mais se destaca é o medo. O pouco medo que ainda resta. Medo de voltar à obliviante situação de alguns anos atrás. Medo de que as criaturas encapuzadas cuja presença pode ser sentida já estejam aí a mais tempo do que esperava. Medo de que o dano seja permanente, e que minha alma já não tenha solução.

Meus erros, cada vez mais frequentes, já não incomodam. A vida, num todo, já não tem tanta importância. A grande sensação de indiferença já começa a se apossar dos cantos mais recônditos de minha mente. É só questão de tempo para que não haja mais qualquer rastro do eu recente - que agora tenho dúvidas se era de fato meu eu verdadeiro, e não essa criatura de que cada vez mais volto a me assemelhar.

Se afastam de mim. Não quero os deixar ir. Mas isso foge ao meu controle. Pois que vão. Tudo se vai, em algum momento, de toda forma. E o Paladino e o Pierrot se contraem de medo da grande besta - faminta e voraz - que sai da escuridão...

sábado, 17 de março de 2012

Desinteresse regrado de ilusão da vida cotidiana

Olá a todos. Realmente, não escrevo mais a mesma frequência de antigamente. Em mais nada. Meus temores adolescentes estão fugindo de mim, a idade chegando, e o cinismo e a aceitação começaram a tomar conta de mim. E o tempo flui como uma ampulheta mostra, lento, mas acabando.

Senhoras e senhores, é difícil aceitar assim o fato que estou mais próximo de uma vida mediana adulta do que a da velha criança que sonhava em mudar o mundo? É isso meus amigos, eu sou apenas diferente de tudo o que eu queria ser. Sou diferente do que queria ser, mas ainda assim sou diferente do mundo. E aos poucos, todos são tão iguais para mim, e apenas alguns são diferente.

Perdi toda a base emocional que eu tinha, e ganhei uma nova, mais forte, mais estável. Não preciso mais de velharias, do mesmo apoio chulo de antigamente. E nem ligo. O passado as vezes fede tanto. Eles fedem tanto. Hipócritas... Como eu, mas com um ponto de vista diferente.

E a última pergunta: Quanto tempo demorará para esquecer de tudo realmente? Precisarei sentir meu corpo junto ao chão frio sem me mexer?


LMN, Droog's Sentence:"I don't care about your sympathy"

sexta-feira, 9 de março de 2012

Amor

Já há algum tempo que quero te contar isso. Eu sei que não nos conhecemos há muito tempo, mas você é o único que consegue fazer meu rosto ficar tão vermelho. Passo a semana pensando em como te encontrarei na sexta, onde estaremos, e crio histórias sobre isso. Crio tudo em minha mente, faço planos para o futuro - e você sempre está neles!

Algumas vezes te evito. Afinal, meu contato contigo não pode ser bom, só pode resultar em algo que me arrependerei no futuro. Tudo que é bom tem um preço a ser cobrado no final. Eu sei muito bem disso, e você também. Mas não importa o quanto eu fuja, meus pés - esses malditos traiçoeiros - já sabem o caminho, e quando me dou por mim, você está ali, com um brilho que só as estrelas sabem fazer igual...

Sinto meus lábios tocando-te, de uma forma tão tenra que cativa. Com um leve movimento, limpo as gotas que insistem em correr em seu corpo,  ignorando a sandice desse amor... Minha cabeça gira, meu corpo estremece, e em um momento já não sou mais o mesmo - somos dois em um mesmo corpo.

Ok, eu não vou mais lutar. Serei todo seu, pelo tempo que quiser, mas apenas hoje. Por essa noite, me faça seu escravo, me mostre seus segredos, e me deliciarei com suas loucuras...

Te amo, álcool.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Little poison on my mind

Olá a todos. Um longo tempo se passou desde o meu último post. E para quem sabe, estava distante do meu reduto, da minha cama, e dos meus filhos. E mesmo na volta, a ausência de criatividade é imensa. É engraçado, o isolamento me trouxe grandes idéias, e a volta retirou grande parte delas de mim. O tédio e a desilusão caminha lado a lado com o escritor. A felicidade realmente ajuda a escrever? E seria mesmo isso uma felicidade? Ou algo temporário? E a pequena melodia do The Who sussurra sempre.. Is it me, or a moment?

Não acho que Sallinger era feliz. No máximo o Adams era feliz. Mas isso é o de menos. Na verdade escuto Sinatra agora, sem acordar na cidade que nunca dorme, e fico imaginando como as palavras aleatoriamente vem a minha cabeça e deslizam para o texto, criando complexos sentidos, mas diferentes de cada um. Um texto não é feito para o autor, e sim para o público, por isso o cuidado. O que escrevo não é o que realmente eu quero ser.

Palavras sem sentidos, textos mal feitos, e um erro muito comum de se sentir obrigado a escrever. E isso eu não gosto. Prefiro ficar meses sem um único texto, a parecer escrever algo que não gosto. E espero que esses meses não venham, mas se vierem... aguardem. Afinal, qualidade não é melhor que qualidade, ou isso é mais um dos ínfimos ditados que só fazem sentido na hora de bancar o intelectual?


LMN, Droog's Sentence:"Sweet like a tropical fruit, soft like a ice cream, cute like a teddy bear. But still tastes like my poison"

domingo, 4 de março de 2012

Omnibus

Esses dias, eu estava em profunda desilusão pelo ser humano. Cheguei à conclusão que o mundo não acabará nem em fogo divino (como os religiosos esperam) nem com o apocalipse zumbi (como os nerds tanto desejam), mas sim pelo declínio do próprio ser humano. Como bem disse Álvaro de Campos, “a alma humana é porca como um ânus”, e isso ainda não havia ocorrido a 2ª Guerra Mundial.

Tenho visto seres humanos errarem de forma grotesca. Serem absurdamente desonestos, vis – e serem aceitos pela sociedade. Sério, já tive um professor que proclamava contra pobres e gays dentro de sala de aula. Hoje, ele é desembargador. Enquanto isso, vejo seres humanos – heróis – serem esquecidos, ignorados, considerados nada mais que lixo. Pessoas brilhantes são execradas, e idiotas assumem as funções importantes...

E aí estava eu, no ponto de ônibus cismando sobre esses assuntos quando, chegando o ônibus, cumprimento curtamente o trocador, que me responde com um sorriso e um bom dia sinceros, gratuitos. E não tinha obrigação: era inclusive esperado que fizesse como todos os seus colegas, ou seja, ignorado meu cumprimento e, com cara de cu, liberasse a roleta.

E foi nesse momento que a minha esperança pelo ser humano foi restaurada.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mittelmäßigkeit

Há cerca de 7 dias me fizeram um comentário relativo à mesmice de meus atos. E esse comentário, feito em circunstância jocosa, sem aparentemente ter o dolo de me ofender, de fato ofendeu, e doeu fundo. E eu percebi que me doeu tanto justamente por também eu sentir esse tédio, por eu saber – mesmo que não admita – que sou uma pessoa deveras previsível e medíocre.

Cometo os mesmos erros todos os dias. Insisto nas mesmas soluções ineptas que me fizeram fracassar tantas vezes. Sigo todo dia o mesmo ritual de desilusão, mas quando alguém me taxa de ordinário, me sinto ofendido. Sei que a verdade não poderia ser diferente, mas ainda assim algum senso hipócrita enterrado fundo em minha mente – intangível – se faz latejar, e pede atenção.

Pois bem. Esse post nada mais é do que um desabafo. Mas o que são todos os posts aqui se não uma luta pessoal contra seus próprios demônios e moinhos de vento?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Diffido

É impressionante como a sociedade brasileira é falsa: Em um país cuja maior festa consiste em desfile de pessoas nuas, sexo fácil e uso de drogas (lícitas e ilícitas) há que se falar em “moral e bons costumes” quando se trata de assuntos como, por exemplo, matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. O que um casal gay tem que ofenda a moral ou a ética mais do que o próprio carnaval? Que “bons costumes” são esses, se não uma visão deturpada dos princípios cristãos construída na era feudal de nosso país?

O povo comete os sete pecados capitais diversas vezes por dia, mas se usa de ditames religiosos para coibir práticas como o aborto, a eutanásia e o suicídio assistido. Nada contra ser contra – inclusive eu sou, em alguns pontos. O que acho inadmissível é a disparidade entre utilizar um argumento em um momento e o contra-argumento em outro (duplipensar, para os orwellianos) – sem contar, é claro, o uso de raciocínios pautados na religião dentro de um Estado que deveria ser laico.

É impressionante como fazem gato, furam fila, surrupiam quando acreditam que não serão pegos e ficam indignados quando um político é flagrado sendo corrupto, ou seja, sendo brasileiro. Ora, o que é o “jeitinho brasileiro” se não uma modalidade socialmente aceita de corrupção?

É tudo baseado na conveniência: Se os convém agir segundo regras morais, religiosas ou éticas, assim agem. Mas quando flagram uma oportunidade de passar a perna, de conseguir uma vantagem sem sofrer as consequências, não pensam duas vezes. E ainda reclamam do Estado! Ora, como já dizia meu pai, todo povo tem o governo que merece. E é verdade, já que o governo é um espelho do povo. E, convenhamos, quer melhor retrato do povo brasileiro do que o Tiririca? Somos todos um bando de palhaços.

Como diz aquela velha piada, quando Deus criou o mundo, um anjo o perguntou por que em todo o planeta tem furacões, nevascas, terremotos e vulcões, e no Brasil não tem. Deus apenas sorriu e respondeu que aguardasse para ver o povo que lá ele colocaria.

Eu vi. E não me agradou nem um pouco.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Droog and your infinite sadness.

Olá a todos. Esse é o LMN, e estava com saudades dele. Dizem que nada é realmente importante quando se é jovem, mas esse blog tem um peso sentimental para mim grande o suficiente para me fazer jamais desistir dele. Apesar de tudo, de todos. De mim mesmo. Um dia desses parei para olhar o mar, sozinho, sentindo apenas o vento sobre mim. Fiquei pensando, porque ele está tão perto de mim, e todos estão tão longe? Nunca achei que diria que sentiria falta de amigos, de colegas, de amores e de inimigos, mas sinto falta.

O mundo está estranho demais, é tudo tão diferente. As pessoas, mesmo belas, não tem nada no rosto. Parecem sombras. Mesmo quando sou tocado pareço distante. Diziam que a solidão até que me fazia bem, mas discordo, não faz bem, a solidão de verdade ainda não começou, era drama adolescente demais. E infelizmente estou crescendo, aos poucos, por bem ou por mal. E nunca queria crescer.

Queria viver meu conto de fadas, deitar na neve, acreditar que tudo é perfeito, que os sentimentos e as amizades são perfeitas, mas não acredito em mais nada. É apenas um mundo, ordinário, feio, e cruel. Um mundo que Não foi feito para mim, e muito menos para quem eu queria ser. É um mundo real, e tenho apenas palavras, e palavras são ventos. Ventos que nunca trarão reais mudanças.


LMN, Droog's Sentence:"Don't believe in the first truth I Said."

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vagante

Passa para terceira. A rua está vazia, nenhuma viv’alma, exceto talvez por algum ébrio esquecido na sarjeta de um boteco mal-iluminado, desses que brotam nas esquinas. Para no cruzamento, mas nem precisava. Não vem ninguém. Nem de dia.

A noite, apesar de quente, ocasionalmente lança um vento úmido, forte, quase agressivo, que chega sem aviso e some sem despedida. Em poucas palavras, um vento deveras mal criado. Mas é apenas o batedor da chuva que invém. Chuva, esta, também muito mal criada. Parece que os céus vão despencar sobre nossas cabeças, mas se vai sem cerimônia, deixando pra trás somente a umidade, que logo se transforma em calor.

Outro cruzamento. Desta vez, um motorista – provavelmente embriagado – atravessa em alta velocidade, roubando a preferência de qualquer um que queira preservar a própria vida. Coloca primeira e arranca o carro devagar. Não tem pressa. Pelo contrário, é provável que na próxima rotatória retorne pelo mesmo caminho que veio, dê mais uma volta pelo pequeno centro da pequena cidade provinciana.

Nós vamos rodar/ Seremos passageiros da noite/ E veremos a cidade em trapos” sussurra o rádio. Ele faz isso de vez em quando, dirigir a esmo à noite, quando não há ninguém que valha a pena acordado. Sem saber o porquê, vaguear por entre a cidade adormecida sempre o faz organizar a mente. É como se conseguisse esquivar de suas aflições, como se por alguns instantes pudesse verdadeiramente ser ele mesmo. Não uma máscara social, não um modelo de bom moço, mas sim um homem, que por vezes sem conta tem mais defeitos que qualidades.

Sempre em frente. Não temos tempo a perder”, o rádio canta. Coloca terceira e acelera. A terceira marcha é de fato a melhor: Pode-se quase parar ou ultrapassar na rodovia. De dez a oitenta, mais ou menos, de forma que, exceto pelos breves momentos de arranque, ele dirige o tempo todo de terceira dentro da cidade. Em grande parte do tempo, se identifica com a terceira.

Uma gota fugidia teima em escorrer pela maçã do rosto, no que é ceifada sem dó antes que qualquer um a pudesse ver. E isso é um resumo de toda a sua vida. Encobre qualquer manifestação que não seja de boba alegria para não demonstrar qualquer fragilidade. Assim foi criado, e assim age, como se o próprio fato de ser humano fosse uma demonstração de fraqueza.

Nothing really matters/ Anyone can see/ Nothing really matters.../ Nothing really matters to me...” canta o rádio.

É verdade.