Se ele fosse definir as últimas semanas em uma palavra, certamente seria frustração. Uma vez atrás da outra tem se decepcionado com qualquer resultado obtido, desiludido com o futuro. Já se tornou corriqueiro ver seus planos e projetos de vida ruírem à sua frente, sem nada que possa ser feito. As oportunidades passam, e a vida passa, e ele simplesmente assiste, como um telespectador sonolento que não se dá conta que o programa vai acabar... uma hora vai acabar.
Será que as metas estabelecidas eram grandes demais para tão limitada pessoa? Ou é simplesmente o fato de ser abaixo da média? Sempre teve a sensação de ter que se esforçar muito mais para atingir os resultados tidos como regulares pelas outras pessoas. Nunca é atribuído a ele qualquer “dom”, ou “facilidade”, como sempre todos os outros tem. É constante a sensação de ser menos, de alguma forma menos...
Desistiu de encher o copo. Sabe que os efeitos do álcool em seu corpo geralmente são mais de remoer angústias que de entorpecer, ou causar amnésia etílica. De toda forma, o dia-consequência geralmente se mostra bem pior que o dia-motivo. Abriu a janela e olhou pra baixo, imaginando o vento no rosto e a sensação de leveza. Volta a fechar, a tentação é grande demais, e a coragem é pouca. Em vez disso foi ler Álvaro de Campos.
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