quinta-feira, 5 de abril de 2012

Morpheus

Ele arruma as malas. Está partindo. Na verdade não sabe se sua casa é a partida ou a chegada. Talvez nenhuma das duas.

O ato de empacotar as coisas parece, aos seus olhos, com a limpeza que se faz no quarto de quem já morreu: Muito se vai, pouco se fica, e só resta a poeira. Mas até a poeira parece carregar um acento de nostalgia.

Isso fica, isso vai, e pronto. Nenhum ruído se ouve, a não ser o arrastar da mala pela casa. Todos dormem, todos já se despediram. A bagagem é posta próxima à porta.

Ele olha as estrelas. Há muitas delas. Um exagero, já que nunca conseguimos ver todas. Mas parece que nesta noite elas brilham mais, como de despedissem. Mas é bobagem ,afinal, estrelas não se despedem.

Tudo pronto, os últimos detalhes resolvidos, ele resolve se deitar. Ajeita a cama e deita. Fecha os olhos, mas não adianta. Com muito custo, pega no sono.

Agora sim está em casa.

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