quarta-feira, 16 de maio de 2012

Windmills


Cai a chuva. Agora uma chuva leve, quase garoa. As pequenas gotas tocam o rosto, e escorrem pela pele. Ao redor das luzes dos postes, um halo avermelhado que se reproduz nas poças no chão. Luzes estas, que de tão sutis, desaparecem ao menor obstáculo. O barulho dos passos no asfalto molhado – com um sapato mais molhado ainda - ecoa pela rua vazia. O barulho longínquo de trânsito pode ser ouvido, mais nada.

E ele aprecia a chuva. Sente a cada gota o toque macio e gélido da donzela pluvial, e deseja com todas as suas forças que as gotas que escorrem levem todo o seu sentimento. Com as roupas encharcadas e o corpo doendo, de nada servia a sensação de abandono que – ironicamente – não o deixava nunca.

Em seus pensamentos vagantes e sombrios, cisma sobre seus amigos, ou pelo menos aqueles que assim ele se referia. Não consegue evitar em cogitar que nunca tivera amigos de fato, apenas pessoas que o aturaram durante certo intervalo de tempo. Acontece que, para alguns, esse tempo se esgotou, restando apenas uma lembrança vaga e insípida do que havia.

Basta. Nem mais um pensamento nesse sentido. Passou a mão pelo rosto, expulsando as gotas – salgadas ou não – que persistiam em rolar livremente pela face. A chuva aumentara. Mas quando se é Paladino, a noite nunca é escura demais. Então que a espada não enferruje na bainha, mas que não seja guardada sem ter agido. E que venham os gigantes!

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